terça-feira, 28 de maio de 2013

PREFEITURA DE SÃO LUIS PERSEGUE MORADORES DO BAIRRO DO COROADINHO. O CASO DA U.E.B. RUBEM ALMEIDA: UM RETRATO DO CAOS EM QUE SE ENCONTRA A EDUCAÇÃO MUNICIPAL.

A ausência completa do poder público, neste caso, representado pela Prefeitura de São Luís, nos bairros da periferia, é facilmente percebida pelas ruas cheias de buraco, falta de espaços de lazer, de praças e ambientes apropriados para a prática desportiva, etc., o que não é nenhuma novidade para os moradores. O que também não é novidade, mas sempre incomoda, é o fato de que este mesmo poder público, que apenas aparece nos bairros pobres nas campanhas eleitorais, só “dá as caras” para perseguir e prejudicar os moradores da comunidade, como ocorreu recentemente na escola Rubem Almeida, quando após a “visita” de representantes da SEMED para “vistoriar a merenda escolar”, foi tomada a decisão unilateral de proibir a venda de lanche nos portões da escola por pessoas da comunidade, algumas das quais foram fundadoras da escola e do próprio bairro. Algumas destas pessoas que há mais de 20 anos, sem incomodar, nem prejudicar ninguém, oferecem seus produtos aos alunos, professores e funcionários , como ocorre em quase todas as outras escolas de São Luís. Trata-se de “amigos da escola”, como a própria prefeitura nomeia pessoas da comunidade que de diversas formas colaboram com a escola.
O que os tão zelosos lobos em pele de cordeiro representantes da prefeitura têm conhecimento, mas fazem vista grossa e ouvido de mercador, já que nunca solucionam, são os inúmeros problemas enfrentados diariamente pela U.E.B Rubem Almeida, que é um exemplo do que ocorre em toda a rede municipal de ensino de São Luís, devido ao tratamento dispensado à educação por todas as administrações que têm passado, como a do Sr. João Castelo e, agora, a do continuador dos seus serviços Edivaldo Holanda.
Vamos aos fatos: o exemplo da Escola Rubem Almeida.
1 – A escola Rubem Almeida, como exemplo das demais escolas da rede municipal, há anos tem carência de professores em diversas matérias, o que demonstra a necessidade urgente de concurso público. Ano passado (2012), por exemplo, turmas inteiras passaram o ano quase todo sem professores de português, educação física e inglês. Este ano três turmas (53, 71 e 72 ) em pleno fim do primeiro semestre não tiveram uma única aula de Português;
2 - A qualidade e o cardápio da merenda escolar fornecido pela prefeitura é “pobre em fibras e nutrientes”, como constatou o próprio Ministério Publico Federal, e rica em colesterol e gordura saturada (lingüiça frita, ovo frito com feijão e arroz duro, mingau de milho duro, etc., entupindo os alunos de colesterol e raiva). Além disso, a merenda é tão ruim que todos os dias baldes e baldes de sobra são jogados fora pelos alunos que não têm estômago para comer algo tão sem gosto.
3 - As salas de aula superlotadas, com mais de 40 alunos, quentes, abafadas, sem ventilação, sem ventiladores, com quadros brancos pela metade. Algumas são antigos depósitos transformados em sala de aula amontoando alunos o dia inteiro a uma temperatura que chega aos 40 graus, como é o caso da turma 71, que é quente, extremamente abafada, com cheiro de mofo e urina, já que tem
dois banheiros ao lado. Esta última já recebeu até visita de um vereador de certa “comissão da educação”, mas até hoje continua na mesma.
4 – A escola tem um galpão com uma pequena quantidade de livros didáticos velhos e mal cuidados, a biblioteca, sem livros paradidáticos, ou mesmo os mais básicos clássicos da literatura. Esta mesma sala serve de sala de vídeo, reunião, etc. sendo que a escola não tem um aparelho de DVD que funcione, obrigando os professores a trazerem de casa os seus, caso queiram passar algum vídeo para os alunos. Nunca se vê alunos pesquisando, não há bibliotecário. Em pleno século XXI, onde se fala em revolução digital, não há sequer um único computador para os alunos;
5- A falta de material de trabalho para os professores não se resume a pincel, aparelho de DVD, aparelho de som ou outros. Nas aulas práticas de educação física, por exemplo, os professores têm que trazer bola, rede de vôlei, etc., de outras escolas ou comprar se quiserem fazer uma aula diferente;
6 – Nas últimas semanas, a chuva torrencial que inundou a cidade inundou também a escola. As salas ficaram cheias de água, com goteiras no forro, correndo risco de provocar curtos circuitos, água escorrendo pelas paredes obrigando os alunos a afastarem as cadeiras para um canto onde não estivesse pingando. Os banheiros estão quase todos com os vasos entupidos, sem descarga, sem sabão para os alunos limparem as mãos após fazerem suas necessidades, ou papel higiênico. O dos professores está há meses sem chave e com a torneira da pia quebrada;
É importante frisar que a U.E.B Rubem Almeida não é um caso isolado. Trata-se, na verdade, de um retrato de como se encontra a educação municipal de São Luís. Ademais, estes exemplos se referem a uma escola “pólo”, pois se se falar sobre os anexos os problemas decuplicam: são verdadeiros chiqueiros, saunas, galpões onde a prefeitura enclausura alunos e professores, e assassina diariamente a educação, estimulando o abandono escolar e a repetição por parte dos alunos, além do desgosto pela profissão por parte dos docentes. E para se comprovar a veracidade de tais afirmações, não é necessário apresentar fotos ou vídeos, basta entrar na escola e ver com os próprios olhos.
Enquanto isso, diante de tantos problemas reais a serem resolvidos, representantes da Prefeitura de São Luís em visita a escola se incomodam com a presença de pessoas que vendem no portão. Uma senhora, que como dito, foi fundadora do bairro, fundadora da escola, que há mais de vinte anos complementa sua renda vendendo suquinho e salgados, como fazem milhares de pessoas em todas as escolas públicas municipais, estaduais e privadas do país inteiro. Esse ato deixou constrangida toda a comunidade escolar, desde estudantes, funcionários, professores e moradores da redondeza que tomaram conhecimento, e deve ser prontamente repudiado por todos. Que a prefeitura resolva os problemas reais da U.E.B Rubem Almeida e das demais escolas de São Luís e pare de perseguir moradores da comunidade. Perseguir um morador é perseguir toda a comunidade!

Roberto Augusto Pereira – Professor de História da U.E.B Rubem Almeida

Um comentário:

  1. Professor, vc disse muito bem! A U.E.B "Rubem Almeida, é o retrato de todas as outras. Ao ler sua denúncia vi ali a U.E.B "Olinda Desterro"! Eu ando tomando antidepressivo para estar ali todos os dias. Até pensei em pedir para ser devolvida e procurar outra unidade, mas diante de seu comentário...o que farei?

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