Na última sexta-feira (06), a greve dos professores do município deu mais um passo na organização da categoria para o fortalecimento da luta em defesa da escola pública, com a realização de um debate sobre o desmonte da educação pública e a precarização do trabalho docente. O debate faz parte de um conjunto de atividades de formação proposto pela setorial de educação da CSP-Conlutas Maranhão e incorporado ao calendário da greve. Temas como as políticas educacionais implementas pelos governos, a Lei do Piso, o atual Plano Nacional de Educação, que espera a sanção da presidente Dilma, a situação da mulher na educação, ainda serão abordados, visando a estabelecer com os professores e professoras uma discussão mais aprofundada sobre características e causas da destruição da escola pública.
Participaram da mesa de debate as professoras Ana Paula Martins e Elisabeth Castelo Branco e o professor Leonel Torres. As falas giraram em torno do financiamento da educação, a situação concreta de abandono em que se encontram as escolas e a necessidade de fortalecer a organização dos professores na greve e depois dela para mudar essa situação.
A professora Ana Paula alertou para a ineficiência da política de fundos (FUNDEB) para custear a educação, tendo em vista que ela não garante a alocação dos recursos necessários para garantir minimamente o funcionamento das escolas e o trabalho dos professores, bem como desresponsabiliza o governo federal de investir mais na educação pública, uma vez que quem mais contribui para o fundo são os estado e municípios. Por isso a professora destacou a importância de se defender 10% do PIB para educação pública já e denunciou que o PNE atual não garante essa bandeira e ainda permite que empresas privadas na área da educação possam receber financiamento público, escasseando ainda mais o dinheiro para melhorar as escolas e aumentar os salários dos professores. Em resumo, a professora defendeu que a situação agonizante em que se encontra a educação pública brasileira é fruto de uma política de destruição sistemática dos serviços públicos implementadas pelos sucessivos governos neoliberais, especialmente, FHC (PSDB), Lula e Dilma (PT), que retira investimento público e favorece a privatização. Dessa maneira, escolas insalubres, sem equipamentos pedagógicos, professores com salários rebaixados e sem motivação para o trabalho, alunos que nunca terão a possibilidade real de ter uma educação de qualidade é o resultado mais perverso dessa política.
A professora Elisabeth falou sobre as condições das escolas e destacou a necessidade de os professores assinarem um documento dirigido à população e ao governo municipal em que explicitem o caos nas escolas e em que se comprometam a não mais dispor dos seus baixos salários para compra de material pedagógico que permita a realização de seu trabalho, especialmente na educação infantil, em que as professoras tem que comprar desde a folha de papel sulfite até o papel higiênico. É inadmissível que o município continue a não garantir as condições mínimas para o funcionamento das escolas.
O professor Leonel Torres destacou a manobra do governo municipal para tentar enfraquecer a greve, solicitando à justiça a sua ilegalidade, mostrando que Edvaldo Holanda (PTC) e Geraldo Castro (PCdoB) não têm nenhum respeito pela categoria e interesse de melhorar a educação da cidade.
A greve continua e cada vez mais precisamos nos informar e qualificar nossa intervenção para que façamos análises corretas da realidade e de quem verdadeiramente são os inimigos dos trabalhadores, bem como acertar nas táticas em defesa da educação pública e da carreira docente.
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