Seria importante que em nosso sindicato a democracia operária fosse um princípio básico, infelizmente, isso não acontece. A presidente se reveste de um discurso autoritário, conservador e reacionário de que “o sindicato precisa ser independente de partidarismo e de ideologias”, aliás, esse descabido argumento foi utilizado para que a atual direção desse um golpe na decisão de milhares de educadores na eleição de 2012, e anulasse a eleição na qual a nossa chapa 1 (Unidade para Mudar), foi vencedora. Nossa chapa era composta por trabalhadores filiados a partidos e outros ativistas independentes e foi isso que garantiu a pluralidade de ideias e permitiu o avançar nas discussões acerca das políticas que defendemos durante nossas intervenções. Fica a pergunta: Desde quando é proibido um trabalhador ser filiado a um partido político ou defender uma ideologia? Quem plantou essa ideia no seio de nossa classe foi a burguesia visando destruir a organização dos trabalhadores.
Defendemos que os sindicatos sejam independentes dos patrões e dos governos e lutamos para que os trabalhadores construam suas organizações, pois os governos e os patrões possuem seus aparelhos que por sinal são muito fortes e organizados.
Nesse contexto, merece destaque postagem sobre a 4ª rodada de negociação no site do Sindeducação na qual a presidente recomenda:
“Precisamos ser racionais na hora certa e pensar no conjunto da negociação. Não estamos apenas defendendo reajuste Salarial. Temos uma pauta sendo negociada e vamos ver o que foi garantido e o que não foi sem partidarismos ou embates políticos e ideológicos. ressalta a dirigente sindical”(grifos nossos).
Sob esse argumento de "sindicalismo responsável, racional", a presidente autocrática tem desviado o foco das discussões e conseguido aprovar pautas rebaixadas, como, por exemplo, no ano passado em que os militantes da CSP Conlutas foram impedidos de falar na Assembleia e fazer o debate com a categoria e dessa forma a presidente conseguiu, de maneira capciosa, “empurrar” o reajuste rebaixado de 9,5%, quando a Lei do Piso estabelecia 20,16%. Este ano o estratagema é mais ardiloso e ousado, jogaram a isca dos 3% para tentar empurrar os ilegais 8,32% e ainda de forma parcelada. Total desrespeito!
Precisamos questionar: sindicalismo responsável é passar um ano sem fazer assembleia com a categoria? É desrespeitar o estatuto da entidade e nunca ter feito prestação de contas? É nunca ter feito mobilização nas escolas? É garantir a fala de vereadores e empresários nas assembleias e atos da categoria, cerceando o direito de fala dos professores da base? Para nós sindicalismo responsável é mobilizar e envolver a base nas discussões sobre as pautas da educação pública; é promover cursos de formação política; é sentar com a base duas vezes antes de negociar com o governo; é dar sequência às decisões da base e não tentar manipulá-las. Enfim, sindicalismo responsável é lutar pelos interesses dos professores, a fim de que consigamos vitórias para o conjunto da categoria.
Sobre a independência política demagogicamente defendida pela presidente do Sindeducação, basta um olhar mais atento para visualizar a contradição: os vereadores sempre estão presentes nas atividades do Sindeducação, nas festas doam os prêmios e pagam as bandas (quem paga a banda...), participam de nossas Assembleias com direito garantido de voz. E aí? Que independência é essa pregada pela direção do Sindeducação? Ah sim! Independência dos militantes e dos trabalhadores que defendem os interesses dos educadores e denunciam a relação orgânica da direção com os prefeitos e parlamentares de plantão. Esses parlamentares não tem partido? Que interesses defendem? Claro que não são os dos educadores, se assim fosse não precisaríamos fazer greve todo ano para que nossos direitos fossem garantidos.
Nesse momento, em que ocorre um recrudescimento da violência do aparato governamental contra os trabalhadores é preciso tomar “partido”, escolher um lado, pois não existe neutralidade, ser neutro significa fortalecer o lado mais forte, ou seja, o lado do opressor. Nosso papel é nos colocarmos ao lado da classe trabalhadora. Nesse sentido, a greve é um importante elemento de educação dos trabalhadores, pois demonstra de forma irrefutável que os governos, o legislativo, os empresários, a polícia, a justiça e todo o aparato do estado burguês defendem interesses que não são os da nossa classe.
Quando a presidente diz precisamos ser racionais, ela quer dizer: ”Vocês devem dar os anéis para não perder os dedos” ou pior, “deixem de lutar, aceitem as migalhas que a prefeitura joga, porque vocês não merecem respeito”.
Em 2008, foi criada a Lei do Piso (Lei 11.738/08) para garantir nossa valorização, mas os governantes têm descumprida essa lei sistematicamente. Neste ano o percentual de reajuste do Piso é de 19% e o governo Edvaldo Holanda já acenou com 3% e agora tenta enfiar goela a baixo 8,32%, e ainda por cima parcelado. Nossa resposta deve ser um sonoro NÃO a essa proposta, Somos professoras e professores, profissionais de nível superior, merecemos respeito. Estamos num momento favorável para negociar com o governo municipal, que está politicamente frágil, temos a possibilidade real de sair dessa negociação com o reajuste de 19% e ganharmos força para arrancar outras vitórias, como os retroativos das progressões e a garantia de 1/3 de hora atividade, com autonomia para decidir onde realizá-lo e sem o aumento de alunos por sala de aula.
Temos pautas ainda mais importantes e complexas como a reestruturação da nossa carreira e a reestruturação das escolas para que se garanta as condições mínimas de realização do nosso trabalho, porém, não podemos desprezar a questão do percentual de reajuste, pois defendendo 19%, estamos forçando o executivo a respeitar a Lei do Piso e garantindo uma vitória que alcança a todos os professores da rede; isso não é menor, pois é a questão salarial que nos obriga a ter duas ou três matrículas. O preço dos alimentos, do vestuário, da gasolina só aumenta, somos obrigados a colocar nossos filhos em escolas particulares e a pagar planos de saúde caríssimos, porque os serviços públicos não funcionam, isso tudo sai dos nossos baixos salários. Não podemos perder nossa dignidade e saúde, precisamos lutar.
Aqui fica uma reflexão: Quem é a maioria? Dirigentes sindicais burocratas que recebem as benesses dos governos e dos patrões ou os trabalhadores que sofrem com as condições precárias de trabalho, arrocho salarial e traições das direções pelegas? É uma pergunta retórica, a resposta é categórica: OS(AS) TRABALHADORES(AS). Várias categorias neste ano já deram demonstração de como ter suas reivindicações atendidas, a exemplo da vitória dos garis do Rio de Janeiro em pleno carnaval e agora os rodoviários também do Rio que estão travando uma heroica luta contra os patrões, os governos, a justiça e também contra a direção traidora do seu sindicato que igual á do Sindeducação, utiliza-se do mesmo argumento de que a greve tem motivação política. E qual movimento não é político? Todo apoio aos rodoviários do Rio de Janeiro em greve!
Somos numericamente superiores, mas nossa debilidade organizacional e teórica tem nos imprimido uma série de derrotas. É necessário avançarmos na mobilização, na organização e na construção de estratégias para alcançarmos a vitória. É isso que os militantes da CSP Conlutas propõem como estratégia: mobilizar as massas, discutir política de maneira consequente e avançar na consciência para chegarmos à vitória.
Então companheiros (as), acreditemos em nossas forças:
“SOMOS A MAIORIA! SEMPRE FOMOS A MAIORIA! VENCEREMOS!”