O
PCdoB tinha como meta aprovar o Estatuto do Educador com a cara de um provável
governo do seu partido, personificado na figura do ex-juíz Flavio Dino. Um
Estatuto com direitos subtraídos para evitar qualquer reprise do que aconteceu
em 2007, quando Jackson Lago tentou aprovar a famigerada “lei do cão” e foi fragorosamente
derrotado. Se apoiando nisso, Roseana
Sarney (PMDB/ PT), que também sonha em fazer seu sucessor, foi além e aprofundou
os ataques contidos na proposta de Estatuto do Educador da direção do
SINPROESEMMA. Retirou a redução de jornada de trabalho aos 50 anos de idade e
20 anos de magistério, para professora, e 25 anos, para professor; rejeitou a
incorporação dos funcionários de escolas ao Estatuto; rebaixou a correção
salarial de 89% da categoria para minguados 4%.
Só para citar um exemplo das perdas provocadas pela aprovação deste
estatuto, o professor nível IV, referência 19, mesmo tendo mais de dez anos de
magistério, será enquadrado na nova proposta como se estivessem iniciando a
carreira, já que não houve a atualização das referências. Desta forma, as
perdas salariais com a nova tabela são ainda inestimáveis. A concessão das
progressões e promoções de mais de 28 mil professores ficará a mercê de um
acordo sem garantia de cumprimento.
A
proposta de Estatuto de Roseana Sarney e da direção do SINPROESEMMA levou
apenas uma semana para ser aprovada. Após ter sido encaminhada solenemente para
a Assembleia Legislativa no dia 03/06/2013, esta se encarregou de desferir o
golpe de misericórdia nos direitos da categoria hoje, 10/06/2013. O que não é
de se estranhar, pois nesta casa o governo possui a maioria absoluta dos
deputados e aqueles ditos de Oposição são cabos-eleitorais de Flávio Dino (PC
do B). Se não dá para acreditar na direção do SINPROESEMMA, imagine nessa casa
legislativa que é um aparelho político/repressivo dos governos para atacar os
trabalhadores? Assim, nós, por princípio, apostamos exclusivamente na força da
categoria.
EM QUAL PONTO DEVEM SE APOIAR AS LUTA DOS TRABALHADORES?
O Estatuto, que supostamente havia sido aprovado
em quase todas as assembleias regionais e que motivou a deflagração da greve,
no dia 23 de abril, passou a ser questionado nessas mesmas regionais,
principalmente após os debates e discussões suscitadas pela CSP-Conlutas nas
atividades da greve, em que foram explicitados alguns aspectos do estatuto que
representavam a retirada de direitos. Essa nova realidade obrigou a direção do
SINPROESEMMA a tirar da cartola um “acordo” como suposta extensão compensatória
aos ataques contidos no Estatuto do Educador. Por outro lado, onde a tendência
fosse a derrota da proposta acordada entre governo/ direção, a tática seria
aterrorizar a categoria para suspender a greve.
Roseana
Sarney, por outro lado, autorizou os diretores de escolas a enviarem as faltas
dos grevistas. Essa foi uma política preventiva combinada entre
SINPROESEMMA/PCdoB e Roseana Sarney/ PMDB/PT, para semana de realização das
assembleias regionais ilegais, já que o movimento ganhava outra dinâmica. O
maior exemplo disso foi quando o PCdoB resolveu abrir mão das ações tramitadas e
julgadas referentes à descompressão da tabela salarial do governo Roseana
Sarney de 1998 (PROCESSO 14.440/2000) e contra as perdas
resultantes das Medidas Provisórias do governo Zé Reinaldo (PROCESSO 20.700/2004) que somam um total de 400 milhões
de reais (item 10 do acordo). Com esse acordo, só quem tem seus honorários
garantidos é o advogado do sindicato (item 8 do acordo). Já os professores que
desejarem receber suas perdas terão que acionar a justiça individualmente.
Nós
da CSP CONLUTAS, mesmo sabendo da ilegalidade das assembleias regionais, resolvemos
disputá-las onde fosse possível. Dezenas de professores não pertencentes a
nenhum grupo organizado também resolveram disputar suas assembleias,
enfrentando a direção do SINPROESEMMA no tête-à-tête.
Não havia alternativa! A disputa pela consciência da categoria deveria ocorrer
onde a categoria se encontrava, já que os ataques atingiriam igualmente
grevistas e não grevistas. Apoiarmos-nos na luta e na capacidade de superação
da categoria, mesmo com todas as suas contradições, foi o maior acerto que
nossa central teve nessa greve.
A PROPOSTA DE ESTATUTO FOI OU NÃO FOI POLITICAMENTE DERROTADA?
Esse
é um bom questionamento. Nós afirmamos que sim. Nas regionais mais numerosas,
como a de São Luís, a de Caxias, a de Timon, a de Chapadinha e a de Açailândia,
o estatuto foi rejeitado e a greve mantida. Em Imperatriz, Balsas e Zé Doca, o
Estatuto foi rejeitado e a greve suspensa. Em algumas outras regionais em que
as intervenções dos professores apontavam para rejeição do Estatuto, apenas a
suspensão da greve foi votada, a exemplo de Bacabal e Santa Inês. Em Bacabal e
Imperatriz diretores do SINPROESEMMA se
manifestaram abertamente contrário à aprovação desse Estatuto.
Muitas
regionais rejeitaram o Estatuto, mas, contraditoriamente, suspenderam a greve,
por que a direção do SINPROESEMMA propagandeava que São Luís, enquanto maior
regional, não estava em greve por culpa da Oposição, mesmo sabendo que a CSP
CONLUTAS esteve construindo a greve desde o seu início e que muitas escolas de
São Luís estavam 100% com suas atividades paralisadas. Apesar disso, pela primeira
vez na história do SINPROESEMMA, sobretudo depois da imposição da tática das
assembleias regionais, nós disputamos e saímos vitoriosos na maioria da
categoria. Das dezenove regionais existentes dez rejeitaram a proposta de
Estatuto, passando exigir a sua rediscussão.
Sem essa disputa por dentro da greve a destruição de nossos direitos seria ainda maior. Conseguimos reverter à perda da GAM, garantimos a não obrigatoriedade do cumprimento de 1/3 hora atividade no âmbito da escola. Conseguimos manter a data-base do reajuste da categoria para Janeiro, conforme determina a lei e não para Maio como desejava o PCdoB. Também foi após as nossas denúncias que governo e SINPROESEMMA/PCdoB recolocaram no texto o direito à licença com remuneração integral para formação (especialização, mestrado e doutorado) e não somente para os dirigentes sindicais.
Respeitamos todos aqueles que NÃO aderiram
à greve por não acreditar na direção do sindicato, algo razoavelmente justo. Contudo,
o quadro acima demonstra claramente que se a oposição de conjunto, e não
somente a CSP CONLUTAS, tivesse apostado na força da categoria PARA REVERTER A SITUAÇÃO NA LUTA E NA GREVE
certamente teríamos avançado para outro patamar. No que isso pese, conseguimos
avançar na articulação com diversas regionais do interior do estado. Acreditamos
que estamos no caminho certo da construção de uma alternativa que tenha força
real para combater a destruição dos direitos dos trabalhadores e que auxilie a
reorganização de nossas lutas. Reforçamos que a luta dos professores do estado
do Maranhão não foi derrotada com a aprovação do estatuto, pelo contrário, precisamos
acumular força e organização para combater os ataques das direções sindicais
traidoras e dos governos opressores.