quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

A unidade dos Professores é fundamental para derrotar os governos e garantir o reajuste do Piso e as perdas salariais





Na manhã de segunda-feira, 22, os professores da rede municipal de São Luís protagonizaram mais um ato contra o prefeito Holanda Jr. (PDT) que não quer pagar o reajuste do Piso, nem sentar com a categoria docente para negociar a extensa pauta de reivindicações que se arrastam desde a greve de 2014, em que constam reforma e construção de escolas, pagamento de progressões e titulações, aposentadorias, eleições diretas para diretores e um longo etc. Neste embate os professores conseguiram arrancar a primeira reunião com a administração municipal em 2016 na figura do novo secretário de educação Moacyr Feitosa. Em termos práticos, isso demonstra que somente nas ruas e organizados os professores conseguirão a vitória desejada. Por outro lado, a única resolução da reunião foi o agendamento de uma nova reunião para hoje, 24. Isto é, quase dois meses após a data base do reajuste da categoria, a prefeitura não tem ainda uma proposta concreta para apresentar sobre o que tem sido discutido desde 2014. Será que o prefeito acha que mudando o secretário zeram-se as negociações? Não podemos aceitar isso!O reajuste do Piso Nacional do Magistério gera todos os anos uma grande expectativa na categoria, pois, embora seja instituído por uma lei federal (11.738/2008), esse direito nunca chegou de fato aos educadores brasileiros. Em 2016, não está sendo diferente, com relativo atraso, o MEC anunciou no dia 14 de janeiro que o reajuste do piso para este ano seria de 11,36%. Assim, o valor passa de R$ R$ 1.917,78, em 2015, para R$ 2.135,64, em 2016. A expectativa ficou maior depois da notícia de que prefeitos e governadores têm protagonizado uma verdadeira cruzada contra os direitos dos professores, reivindicando junto ao Governo Federal o rebaixamento do índice de reajuste para 7,41% e adiamento e/ou parcelamento desse valor para o longínquo mês de agosto deste ano.
Ora, a exigência do reajuste tem fundamento em uma necessidade objetiva dos trabalhadores e trabalhadoras. Nós já estamos sentimos no bolso os efeitos da atual crise econômica internacional, que provocou uma retração da economia brasileira e generalizado aumento dos preços.  A renda média das famílias, segundo o IBGE, teve queda de 8,7% nos últimos 3 anos, superando os anos de recessão 90/92. A conta de luz, de água, as taxas e impostos, tudo está mais caro. A cesta básica custa hoje, em média, 18 % a mais que no ano passado. As mensalidades das escolas, dos planos de saúde estão mais altas, os preços da gasolina, do vestuário, do material escolar também subiram. Segundo números do IPCA a inflação oficial acelerou de 0,92% em janeiro para 1,42% em fevereiro, o que, no acumulado dos últimos 12 meses bateu a casa dos 10,84%, a maior desde 2003. Isto é, nosso salário, que vem de um histórico de reajustes insuficientes, se desvaloriza a cada mês. Nessa conjuntura, em que o governo Dilma (PT) realizou duros cortes nos orçamentos da educação, da saúde e das políticas assistenciais, através da política de juros proporcionou um aumento da dívida pública do Brasil, que pode chegar a 70% do PIB, para beneficiar banqueiros e grandes empresários. Multiplicam-se as demissões na indústria e no comércio, a previsão é que a taxa de desemprego chegue a 11,7% neste início do ano. O atraso ou parcelamento dos salários de servidores públicos e terceirizados em tem sido a política de vários governos em estados e municípios brasileiros. Na educação não ocorre diferente, os professores têm visto seus direitos sistematicamente atacados, e, portanto, precisam organizar-se e lutar.

Governos que não cumprem a Lei e a omissão e os erros dos sindicatos
Segundo a Lei, o reajuste do Piso deve ser pago em janeiro de cada ano. Já estamos no fim do mês de fevereiro e o governador Flávio Dino (PCdoB) e o prefeito Edvaldo Holanda Júnior (PDT) não cumpriram essa responsabilidade. Por outro lado, as direções dos sindicatos dos professores expressam a lentidão de quem não está no chão da escola enfrentado todo tipo de violência e precariedade e fazendo malabarismo para que o salário chegue até o fim de cada mês.  O Sindeducação só começou a discutir a campanha salarial de 2016 numa assembleia convocada para o dia 16 de janeiro.
Após falar quase uma hora fazendo uma avaliação positiva de sua gestão, a presidente chamou o advogado sindical para apresentar a proposta de reajuste a ser defendida pela entidade. Lamentavelmente, o referido advogado, após expressar claramente que em São Luís nós ganhamos salários altos, indicou uma proposta de 11,36%, mais a perda de 2,32%, referente ao ano de 2014, ficando em 13,68%. Essa proposta desconsidera a defesa da Lei do Piso e esquece as perdas reais dos anos anteriores.
Mas podia ficar pior, pois houve a proposta do professor Antonísio/MRP, que rebaixava ainda mais a proposta do sindicato para os 11,36% da portaria do MEC, sob uma argumentação esdrúxula de que, se exigíssemos mais do que expressa a Lei, estaríamos abrindo brecha para que o prefeito a desrespeitasse. Isto é, segundo a interpretação do professor o reajuste deveria ficar nos marcos da lei, fechando os olhos para a realidade e ignorando que outros lugares do pais a categoria através da mobilização já arrancou reajustes superiores ao rebaixado índice da portaria do governo Dilma. Nós da CSP-Conlutas e o MOPE divergimos das propostas apresentadas e propomos que em 2016, tendo em vista a alta inflação, a piora das condições gerais de vida dos professores e disposição de luta dos professores, nós exigíssemos, além do piso, a recomposição das perdas dos anos anteriores, que só no governo de Edvaldo Holanda chegam a 32%. Assim, nossa proposta foi de 18,45% (11,36% de 2016, mais a perda de 7,09%, de 2015) e um plano de pagamento das perdas dos anos anteriores. Surpreendentemente, a direção do sindicato recuou de sua proposta original e uniu-se a proposta do professor Antoinisio/MRP em exigir o pagamento de 11,36% em janeiro e negociar as perdas na mesa de negociação.  Um erro infantil, pois deseduca a categoria a lutar pela superação dos limites da lei.
Em nova assembleia ocorrida dia 17 de fevereiro, a categoria voltou a discutir a pauta da Campanha Salarial de 2016. Dentre as deliberações, a categoria decidiu defender o índice de 13,68% para o reajuste do Piso, proposta da direção, e não mais os 11,36% aprovado na assembleia do dia 16/02. Além disso, votou-se a realização do Ato ocorrido na manhã do dia 22/02, segunda-feira. Esse ato é uma ação extremamente legítima dos professores em defesa de seus direitos. Aqui devemos destacar a participação da base e das oposições organizadas dos professores municipais, que cumprem um papel progressivo em discutir e pressionar a direção do Sindeducação em torno de suas demandas.

A unidade da oposição: uma antiga polêmica.

Não raras vezes, somos questionados sobre a suposta desunião da categoria de professores. Discordamos absolutamente dessa assertiva. O que ocorre é que somos uma categoria muito heterogênea com níveis de consciência muito distintos e contando geralmente com direções reformistas ou traidoras, a exemplo da direção golpista do Sindeducação e da burocracia PCdoB/CTB, esta última encastelada há anos no Sinproesemma. Isso tem causado muita confusão na consciência dos trabalhadores e as táticas de enfrentamento tanto aos governos como as direções traidoras têm suscitado polêmicas e debates acalorados no seio da categoria. Insistimos, o debate de ideias é altamente progressivo para a elevação da consciência política do professorado.
 Dito isso, torna-se, então, de extrema importância uma discussão em torno da organização dos professores das redes municipal e estadual, e mais, a retomada de um debate e o balanço de nossas táticas com uma parte da oposição da rede estadual, o Movimento de Resistência dos Professores - MRP. Durante a greve de 2013, nós da CSP-Conlutas achávamos que a melhor tática para combater a aprovação do Estatuto do Magistério era construir a greve e disputar por dentro a posição da base, dialogando e discutindo o significado real daquele estatuto que trazia em seu bojo perdas de direitos e destruição da carreira. Nesse sentido, elaboramos e publicamos vários materiais, viajamos para participar de algumas assembleias no continente (Chapadinha, Caxias, Codó, Bacabal, Zé Doca), com nosso próprio tempo e dinheiro, para tentar minimante fazer a discussão e orientar os professores sobre os perigos da aprovação do famigerado Estatuto do Educador. Aqui em São Luís, participamos de várias atividades da greve, que eram esvaziadas, pois a direção do Sinproesemma nunca mobilizava e nunca teve a intenção de que os professores realmente construíssem a greve e assim poder fazer o acordo que bem queria com o governo Roseana Sarney, como fizera nos anos anteriores.
O MRP, ao invés de somar conosco nessa empreitada, simplesmente não construiu a greve e, muitas vezes, optou por disputar as mudanças com o apoio do parlamento, criando uma ilusão na categoria de que a Assembleia Legislativa, majoritariamente sarneísta, daria a solução para as demandas da categoria. Nós, naquele momento, tínhamos clareza de que o MRP era uma organização importante da oposição estadual e que sua entrada na greve podia significar um salto qualitativo no enfrentamento ao Estatuto do Magistério, mas nas ruas. Várias vezes, fizemos o chamado aos companheiros, participamos de suas plenárias, nas quais, inclusive, a base várias vezes votou em construir a greve, o que não foi acatado, nem encaminhado pela direção do MRP. Nós alertávamos que essa postura poderia enfraquecer a organização dos professores. Resultado: Estatuto aprovado ainda em 2013 e professores voltam para casa. A história cobra o seu preço.

A necessidade de reorganização da oposição da rede estadual

Com Flávio Dino no governo, a situação da direção do Sinproesemma ficou mais grave ainda. Todos sabemos do histórico de traições e da postura altamente antidemocrática que busca inviabilizar a mobilização da base e a luta por seus direitos, porém desde que seu partido, o PCdoB, chegou ao Palácio dos Leões com Flávio Dino, os “cabeças” da direção se mudaram de malas e cuia para os gabinetes do governo estadual, aprofundando a já crítica situação dos professores da rede estadual. Só para ficar em alguns exemplos, vamos citar a conivência e o imobilismo da direção diante de assuntos importantes para a categoria como a unificação das matrículas, a eleição direta para diretor de escola, discussão sobre a Base Nacional Comum e o concurso para professor do Estado, realizado no fim do ano passado. Sem falar no Programa Escola Digna, cuja pauta e princípios não foram sequer discutidos com a categoria.
Refletindo essa posição ao lado do governo, somente dia 21 de janeiro foi realizada uma reunião entre sindicato e governo, na qual estavam presentes a Secretária de Educação, Áurea Prazeres, e o Secretário de Assuntos Políticos e Federativos, Márcio Jerry (PCdoB), na qual foi discutida a campanha salarial de 2016. De lá para cá, várias reuniões foram realizadas, em que o sindicato se mostra bastante “compreensivo” diante da alegação do governo de que, apesar da Educação ser prioridade no governo Flávio Dino, a crise econômica impede o atendimento integral das reivindicações. O detalhe é que a direção, a seu bel prazer, sem convocar assembleia para discutir com a base a pauta de reivindicações, senta e negocia com o (seu) governo e decide os rumos da categoria de professores, como acontecera nos anos anteriores com os governos da oligarquia.
Flavio Dino embalando as ilusões da maioria do eleitorado maranhense, inclusive de parte significativa da categoria docente, obteve expressiva vitória nas urnas em 2014, entretanto suas ações depois de eleito vão na contramão das aspirações dos trabalhadores maranhense, sobretudo, dos profissionais da educação. Repressão aos movimentos sociais como ocorrido com os moradores da Vila Nestor em São Luís, que lutavam por moradia e aos moradores de Alcântara que protestavam contra a negligência hospitalar que levou a óbito uma jovem e seu bebê, os constantes conflitos agrários não resolvidos em São Luís e no interior do Estado, além do assassinato do jovem Fagner em São Luís pela polícia de Flavio Dino dão o tom desse novo governo.
Antigas reivindicações dos educadores maranhenses, o concurso público e a eleição direta para diretores de escolas, foram transformadas em um circo de horrores, marcadas por todo tipo de fraudes e irregularidades que repercutiram nacionalmente. Já estamos no final de fevereiro e até o presente momento o “governo da mudança” segue negando os direitos da categoria. A direção do Sinproesemma que tem a obrigação de lutar por nossas reinvindicações não convocou uma reunião sequer para discutir o reajuste e os direitos dos (as) professores (as) garantidos na Lei 11.738/08 e, se mantém em absoluto silêncio frente ao total desrespeito praticado pelo governado Flavio Dino contra o direito de milhares de tra\balhadores (as) da educação.
Nós, professores (as) da rede estadual, não podemos aceitar que o sindicato continue sendo utilizado pela burocracia do PCdoB para blindar o (seu) governo e contra os interesses daqueles (as) que deveriam defender. Não podemos aceitar que o burocrata Júlio Pinheiro continue gabando-se por aí de que teria matado a resistência e a vontade de lutar dos educadores maranhenses. Nesse sentido, nós da CSP-Conlutas conclamamos a unidade de todos(as) os(as) trabalhadores(as) da educação, independentes e/ou organizados em movimentos de oposição para lutarmos juntos contra os duríssimos golpes que os governos Dilma(PT), Edvaldo Holanda (PDT), e Flavio Dino (PCdoB) querem aplicar na categoria.
Nos somamos à luta dos (as) educadores (as) por direitos, condições de trabalho, transparência e por uma educação de qualidade socialmente referenciada para os filhos e filhas da classe trabalhadora. Nos somamos ainda aos professores que já se movimentam, como em Timon, e àqueles que estão se organizando em Caxias, Imperatriz e em outras localidades do estado. Os obstáculos são imensos, mas está colocada para essa geração de professores a tarefa de derrubar a burocracia do PCdoB e retomar o Sinproesemma para as mãos de seus verdadeiros donos. A vitória nessa luta depende de uma forte organização e mobilização de toda categoria, um levante de trabalhadores da educação contra a direção do sindicato e contra o governo, pois somente assim poderemos tirar a educação maranhense da situação de calamidade em que se encontra. Somente assim conseguiremos retomar nossos direitos e lutar por um futuro melhor para nossos alunos e para nossa carreira.

Avante, companheiros(as)!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Geraldo Castro sai, o caos na educação fica

Na última quarta-feira, (17) foi anunciada a saída de Geraldo Castro (PCdoB) da Secretaria Municipal de Educação. Desgastado por conta de denúncias de desvio de recursos públicos e pelo atual caos em que vive a educação pública municipal de São Luís, o secretário foi substituído por Moacir Feitosa, um velho conhecido dos professores, secretário nas gestões de Tadeu Palácio e João Castelo (PSDB).
A gestão de Geraldo Castro foi marcada pela falta de segurança nas escolas que sofreram uma onda de ataques e vandalismo deixando professores, alunos e pais em pânico. A falta de infraestrutura adequada das escolas permaneceu, proliferaram anexos e as creches prometidas não saíram do papel. Durante o tempo em que esteve a frente da pasta, iniciou-se, a exemplo do que ocorreu nos estados de São Paulo e Goiás, igual processo de reorganização das escolas, com fechamento de salas de EJA ou substituição por turmas do Projovem, e a intensificação do processo de municipalização do ensino fundamental. Este ano, várias escolas estaduais estarão sendo transferida para a tutela do governo municipal, o que tende a precarizar ainda mais a educação oferecida aos jovens ludovicenses. Além disso, os professores continuaram acumulando perdas salariais e não receberam suas progressões na carreira. Tudo isso fruto de uma politica consciente de desmonte da educação e da carreira docente por parte de Edvaldo Holanda (PDT) e de seu ex-secretário Geraldo Castro (PCdoB).
Para nós da CSP Conlutas, a mudança de secretário não altera a política do prefeito Edvaldo Holanda (PDT) para a educação. A Prefeitura vai continuar impondo uma política de achatamento salarial desconsiderando as perdas salariais e a lei do piso. E ainda, continuar o processo de terceirização dentro das escolas sem fazer concurso público.
Por isso, só através da mobilização poderemos ter nossas reivindicações atendidas e derrotar os planos de Edvaldo Holanda de esconder o caos na educação pública para garantir seu mandato por mais quatro anos.

A CSP Conlutas está na luta por empregos dignos, ganho real de salários, condições de trabalho e saúde para os(as) professores(as) e por uma educação digna aos filhos da classe trabalhadora.