A aliança entre o governo de
Edvaldo Holanda Júnior e a atual direção do Sindeducação é nítida e vergonhosa.
Pode ser vista na completa falta de crítica do sindicato em relação às
políticas implementadas pela SEMED, como, por exemplo, a realização de um
seletivo e não um concurso público para contratação de professores, no qual
inclusive é aumentada a carga horária de trabalho e diminuídos os salários dos
professores contratados, refletindo o total desrespeito ao estatuto e ao plano
de carreira vigentes e na presença e apoio constante da presidente, Elisabeth
Castelo Branco, nas solenidades e atividades organizadas pela prefeitura. Mas
essa aliança é visível especialmente no aprofundamento da crise das escolas
municipais de São Luís, tanto no que se refere aos aspectos
político-pedagógicos quanto às questões estruturais, que refletem diretamente
nas condições de trabalho, na saúde dos professores e na aprendizagem dos
alunos. Trocando em miúdos, estamos falando das escolas calorentas, com salas de aula superlotadas e abafadas, sem banheiros decentes, sem água, sujas, sem
material didático, sem segurança, professores doentes, sem direito a 1/3 de
hora atividade. Aliás, os números do nosso contracheque demonstram de maneira
contundente que a direção do Sindeducação tem servido muito mais como
amortecedor das reivindicações dos professores do que para organização de suas
lutas por melhores condições de trabalho e salários.
Nem precisamos ser especialistas
em ciência política para analisarmos a gestão de Edvaldo Holanda Jr,
caracterizada por atropelos, confusões, autoritarismo, mau uso do dinheiro
público e muita propaganda. A realidade é nossa maior prova de que o atual
prefeito não governa para os trabalhadores e trabalhadoras desta cidade. Só para
ficar em alguns exemplos, podemos citar o abandono da cidade, representado
pelas ruas esburacadas e sujas, calçadas, meios-fios, canteiros e praças
destruídos, nem o Centro Histórico escapa desta situação calamitosa, sem falar
nas escolas e hospitais sem as mínimas condições de funcionamento. A
insatisfação é geral e os trabalhadores estão se movimentando, como demonstra
as recentes manifestações e mobilizações dos trabalhadores do SAMU, dos guardas
municipais, dos ex-cooperados da Multicooper, dos rodoviários e dos garis, que
entraram em greve no último dia 31 de março, além das constantes revoltas
populares protagonizadas pelos moradores das periferias da cidade,
especialmente na área Itaqui-Bacanga. A resposta de Holanda Jr é a
transferência sistemática dinheiro público para as contas dos empresários,
notadamente os tubarões do transporte público.
Aqui uma questão teima em ser feita. Nós, professores das escolas municipais de
São Luís, não temos motivos para ir às ruas? Para nos mobilizar? Para
fazermos semelhante aos garis do Rio de Janeiro que passaram por cima da
direção do sindicato e pressionaram a prefeitura para atender suas demandas?
Está tudo bem com a educação municipal? A realidade concreta que vivemos
cotidianamente mostra que não. Sim, temos motivos suficientes para nos
revoltar.
E não estamos sozinhos. A imperiosa questão da Educação Pública é nacional, de
todas as redes, municipal, estadual e federal. Nossas demandas locais tem mais
haver com as decisões do governo federal do que imaginamos. Se não há verbas
necessárias para retirar da inanição a educação pública é porque a política de
Fundos (FUNDEB) não serve para resolver nossos problemas. Se não conseguimos
aprovar se quer 10% do PIB para Educação PÚBLICA, é porque os interesses dos empresários
da rede particular de ensino e do Sistema S são mais fortes no congresso
nacional do que os interesses dos trabalhadores, inclusive porque financiam
muitas campanhas dos parlamentares e da própria presidente. Basta atentarmos
para o fato de ter sido retirada a palavra "pública", ao tratar
da destinação dos recursos públicos, do texto do Plano Nacional de
Educação - PNE, que tramita no congresso. Assim, o dinheiro dos nossos impostos
pode ir tranquilamente também para os bolsos dos empresários da educação.
Ainda, se até hoje a Lei do Piso nacional nunca foi respeitada é porque,
primeiro, não há nenhum dispositivo legal que sancione os prefeitos e
governadores que não cumprirem o piso. Além disso, todos os anos, a presidente
Dilma, através de portarias ilegais, decreta um reajuste do piso menor do que
estabelece a Lei, isto é, se a presidente não cumpre, os prefeitos e
governadores vão cumprir?
Como disse, essa é uma situação
que envolve todas as redes. Porque a falta de investimento e o processo de
privatização e precarização não envolve somente a educação básica municipal e
estadual, os institutos federais (IFs) e as Universidades públicas vivem essa
mesma realidade. Os trabalhadores da educação de norte a sul do país sabem que
é preciso lutar. É por isso que os trabalhadores técnicos das universidades
federais estão em greve desde o dia 17 de março, os professores dos IFs já
deliberam deflagração da greve para o dia 21 de abril e os professores das
universidades já mobilizam assembleias nas seções de base para construção da
greve.
Precisamos unificar nossas lutas.
É possível a construção de uma grande mobilização em torno da defesa da
educação pública no nosso Estado e quem sabe até no país. O ano de 2014, ano de
Copa do Mundo no Brasil e de eleições presidenciais, já tem se mostrado
bastante promissor para o desenvolvimento da luta dos trabalhadores, os ventos
de junho ainda sopram e estão cada vez mais fortes. Temos vários exemplos de
que vivemos outra situação política no Brasil, basta citar a vitoriosa greve
dos garis no Rio de Janeiro ou o emblemático episódio ocorrido há algumas
semanas em São Luís, em que duas mulheres, indignadas pela demora do transporte
coletivo, organizaram uma verdadeira manifestação espontânea em frente ao
terminal de integração e mobilizaram centenas de pessoas em poucos minutos ou
ainda o Encontro de Unidade de Ação que reuniu quase três mil pessoas de mais
de 15 entidades em São Paulo no último dia 22 de março, em que se organizou uma
pauta unificada de trabalhadores em torno da palavra de ordem "Na Copa Vai
ter Luta".
Os professores da rede municipal
de São Luís têm a oportunidade de iniciar a construção de sua mobilização no
dia 11 de abril, data em que ocorrerá Assembleia da categoria para
decidir sobre reajuste anual de 2014. Conclamamos todos os professores que
compareçam à Assembleia nesse dia, às 9 horas, no Centro de Convenções do
Multicenter Sebrae. A participação da base é de extrema importância para que
possamos forçar a direção do sindicato a romper com o governo municipal e lutar
por nossas demandas, que não dizem respeito somente ao percentual de
reajuste. Claro que não podemos menosprezar a luta pela aplicação da Lei do
Piso, que vem sendo desrespeitada sistematicamente pelos gestores, não
garantindo o 1/3 de hora atividade e não pagando o Piso, inclusive respaldados
por Portaria do MEC, que rebaixou, em 2014, o reajuste de 19%, segundo a Lei,
para irrisórios 8,32%, que não cobrem nem o impacto da inflação. Isso significa
que os preços dos alimentos, do vestuário, do transporte, da gasolina, aumentam
e nosso salário só diminui. Mas também não podemos deixar de lutar por melhores
condições de trabalho, inclusive para não perdermos nossa saúde, lutar pelo
direito de formação contínua, pelo desenvolvimento da carreira (progressões e
titulação), lutar contra o PNE, por 10% do PIB para Educação pública Já, entre
outras demandas.
Juntemos-nos aos professores do
IFMA e da Universidade Federal e construamos um grande bloco de luta pela
escola, pela universidade pública. Vamos mostrar a Dilma, Roseana e Edivaldo
Holanda Jr que não queremos só 8,32%. Queremos dignidade, queremos respeito,
queremos uma carreira decente; queremos que as escolas deixem de ser depósitos
de crianças pobres e negras; queremos que nossa profissão deixe de ser fonte de
sofrimento e frustração, queremos educação de qualidade para nossos filhos e
para nossos alunos, queremos que eles sejam os herdeiros da nossa luta, que
aprendem desde cedo o valor da luta pela liberdade, que não é a do consumo, mas
a liberdade de poder desenvolver plenamente nossas capacidades laborativas e
criativas.
-NÃO AO PNE PRIVATISTA DO GOVERNO
DILMA(PT)!
-10% DO PIB JÁ, EXCLUSIVAMENTE PARA A
EDUCAÇÃO PÚBLICA!
-AUTONOMIA ESCOLAR E PEDAGÓGICA, GESTÃO
ESCOLAR DEMOCRÁTICA, ELEIÇÃO DIRETA PARA DIRETORES DE ESCOLA, COM MANDATOS DE
DOIS ANOS E REVOGÁVEIS A QUALQUER PERÍODO!
-NÃO AO PL 4330, FIM DAS TERCEIRIZAÇÕES E
IMEDIATA REALIZAÇÃO DE CONCURSO PÚBLICO!
- JORNADA IGUAL PARA SALÁRIO IGUAL! AS
MULHERES COMPÕEM 50% DA FORÇA DE TRABALHO NO BRASIL. NA EDUCAÇÃO, ESSES VALORES
CHEGAM ACIMA DE 90%, ENTRETANTO SÃO ESSAS COMPANHEIRAS QUE ALÉM DE EXERCEREM
JORNADAS DUPLAS/TRIPLAS RECEBEM OS MENORES VENCIMENTOS. ABAIXO O MACHISMO
NA EDUCAÇÃO!
- CARREIRA ÚNICA NO MAGISTÉRIO!
-DEFESA DO ARTIGO 5º DA LEI 11.738/08 QUE
PRECONIZA O REAJUSTE DA CATEGORIA COM BASE NO CRESCIMENTO DO CUSTO ALUNO/ANO!
-PISO SALARIAL DO DIEESE PARA A MENOR
JORNADA E IMPLANTAÇÃO JÁ DE 1/3 HORA ATIVIDADE RUMANDO PARA OS 50% DE JORNADA
EXTRACLASSE!
- TOTAL RECHAÇO A ADIN 4848 DOS
GOVERNADORES QUE CONDICIONAM O REAJUSTE DE NOSSOS SALÁRIOS AO INPC, BEM COMO A
PROPOSTA IGUALMENTE REBAIXADA DA CNTE QUE ESTABELECE COMO REAJUSTE O INPC+50%
DO CRESCIMENTO DO FUNDEB.
-EM DEFESA DE UMA EDUCAÇÃO PÚBLICA,
GRATUITA, LAICA E DE QUALIDADE SOCIALMENTE REFERENDADA PARA OS FILHOS E FILHAS
DA CLASSE TRABALHADORA!